A Psicologia

A psicologia é, hoje em dia, uma área científica muito popular e é muito alargado e variado o número de alunos que a procuram. Afirma Correia Jesuíno que este sucesso «está patente no seu crescimento, nas inúmeras descobertas que efectuou, nas realizações práticas a que deu lugar, na aceitação pública que conseguiu obter. A psicologia é hoje uma disciplina reconhecida e, para o bem e para o mal, popularizouse, penetrando profundamente na nossa maneira de pensar e na nossa vida de relação»

Actualmente ciência de charneira, posicionada tradicionalmente no âmbito das ciências sociais e humanas, vizinha da sociologia, da antropologia, da filosofia ou da história, a psicologia tem vindo a posicionarse progressivamente ao lado das ciências da vida, tornando-se cada vez mais próxima da biologia, das neurociências ou da etologia. Os diferentes posicionamentos têm-se reflectido nas próprias metodologias de investigação, ora mais próximas das ciências experimentais, ora das ciências humanas. Este caminho sinuoso mostra as dificuldades que a psicologia tem tido em situar-se no campo científico e tem produzido um conjunto de tensões teóricas e históricas que já lhe são próprias.

Durante os últimos quase cento e cinquenta anos de estatuto próprio, o objecto da psicologia foi definido de muitas formas, sucessiva ou concomitantemente, reflectindo cada uma delas o interesse e as ideias correntes nesse tempo. Tantas visões do Homem reflectem, necessariamente, a sua complexidade e o esforço permanente de compreensão de si próprio e da sua natureza.

O Homem é um ser biológico (Wallon propunha inclusive um Homem biologicamente social), a quem os processos sociais outorgam uma natureza específica. Dupla referência que o tem situado entre dois reducionismos, ora privilegiando-se o biológico, ora o relacional e social. A originalidade da psicologia tem sido, apesar da focalização histórica num ou noutro aspecto, apesar da ancoragem epistemológica numa ou noutra perspectiva, a de lidar com um sujeito que transcende o biológico e o social, um sujeito psicológico, capaz de auto-organização. 

Assim, a psicologia situa-se no âmago da construção de um campo de investigação transdisciplinar onde se cruzam e articulam saberes sobre o Homem e a sua génese, visando uma superação dialéctica da antinomia categorial causalidade/intencionalidade. Tal propósito implica uma pedagogia da complexidade centrada no conceito de autonomia causal, próprio dos sistemas auto-organizados, o qual permite outorgar um estatuto científico às categorias da finalidade e do sentido. A psicologia emerge como uma investigação objectiva sobre a subjectividade e a criação do sentido.

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