Processos de Influência Social – A Normalização

31-05-2011 21:47

 

Situando-nos ainda no interlúdio da dinâmica de grupos, este artigo vai procurar descrever o contributo de Sherif para o estudo dos processos de influência social, mais especificamente, a normalização. 
As normas são um factor imprescindível na nossa vida, permitindo uma certa estabilidade do meio e uma maior facilidade na aprendizagem de comportamentos. Por outro lado, sem as normas a relação interpessoal seria dificultada, ou seja, não conseguiríamos descodificar, nem prever o comportamento das pessoas com quem estabelecêssemos uma interacção. Para Sherif (1969) as normas são “uma escala de referências ou avaliações que define a gama de comportamentos, atitudes e opiniões permitidas e repreensíveis”.
Tendo como ponto de partida o conceito quadro de referência, que se traduz na tendência generalizada que os indivíduos possuem de organizarem as suas experiências e estabelecerem relações entre estímulos internos e externos com o intuito de dar significado aquilo que é experimentado, Sherif (1936) conduziu uma experiência com base no efeito auto cinético, para mostrar experimentalmente como ocorre o processo de formação de normas. De acordo com Garcia-Marques (2000), este efeito foi pela primeira vez identificado em astronomia e consiste num fenómeno perceptivo bastante fácil de reproduzir. De facto, basta colocar um indivíduo numa sala totalmente às escuras e acender uma luz fraca durante um momento e este verá a luz mover-se. Contudo, a verdade é que a luz mantém-se imóvel. Deste modo, tendo como base um estímulo ambíguo, Sherif colocou como hipóteses:
a)      numa situação marcada pela incerteza, um indivíduo procura estabelecer uma norma que lhe permita estabilizar a situação;
b)      numa situação marcada pela incerteza vários indivíduos que possuem estatutos equivalentes, poderão influenciar-se mutuamente por forma a produzir normas aceitáveis por todos;
c)      as normas estabelecidas numa situação de grupo manter-se-ão, aquando da posterior inserção de cada indivíduo isolado na mesma situação.
Assim, os indivíduos tinham que avaliar, numa sala completamente às escuras, a deslocação de um ponto luminoso, efectivamente fixo, e efectuar estimativas. Numa primeira condição experimental, os sujeitos são estimulados individualmente e, portanto, criam um quadro de referência (norma) individual. Posteriormente, são colocados numa situação de grupo e fazem convergir as normas individuais para as normas de grupo. Numa segunda condição experimental é criado, inicialmente, um quadro de referência a nível grupal e, posteriormente, os indivíduos são colocados isolados na mesma situação. Neste caso, os quadros de referência continuaram a ser utilizados mesmo na ausência de um grupo, o que nos leva a concluir que os grupos são geradores de quadros de referência para a relação dos indivíduos com o meio que os envolve.
Concluindo, “o fundamento psicológico do estabelecimento de normas sociais, tais como os estereótipos, as modas, as convenções, os costumes e os valores, é a formação de quadros de referência comuns enquanto produtos do contacto dos indivíduos entre si” (Sherif, 1947).
Ana Fonseca
Retirado de www.hoops.pt
 
Refere a importância do processo de normalização.
 

 

 

Andre Rocha disse...

Normalização: Através do processo de socialização, interiorizamos um conjunto vasto de regras e formas de comportamento que variam de cultura para cultura. As normas estruturam as interacções com os outros porque criam um padrão mais ou menos comum de comportamentos. São regras sociais básicas que estabelecem o que as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situações. As normas são uma expressão da influência social porque influenciam o nosso comportamento dentro de uma cultura/sociedade específica. A normalização permite a uniformização de comportamentos dentro desse grupo social, o que nos permite prever o comportamento dos outros e, portanto, sabermos como reagir. As normas são elementos de coesão grupal e facilitam a adaptação ao meio social quando são interiorizadas. Sendo relativamente duráveis no tempo, conseguem criar uma imagem/identidade para cada sociedade e assegurar a sua estabilidade da mesma.

13 de Fevereiro de 2011 21:30