TEREMOS RAZÕES PARA NOS INQUIETARMOS?

31-05-2011 21:36

 

Por que razão nos devemos preocupar com a biotecnologia? Alguns críticos, como o activista Jeremy Rifkin, e muitos ambientalistas europeus, têm-se oposto totalmente às inovações da biotecnologia. Quando se têm em conta os benefícios para a medicina que resultam dos progressos antecipados neste domínio, assim como do aumento da produção e da redução no uso de pesticidas resultantes da biotecnologia agrícola, este tipo de oposição formal torna-se difícil de justificar. A biotecnologia coloca-nos perante um dilema moral muito particular, uma vez que todas as nossas reservas quanto aos progressos nesta área não podem deixar de ter em consideração as suas vantagens potenciais.
 
O espectro da eugenia, ou seja, a criação de pessoas com determinadas características hereditárias, tem pairado sobre todo o campo da genética. A palavra eugenia foi cunhada por Francis Galton, primo de Charles Darwin. Tanto nos finais do século XIX como nos princípios do século XX, os programas de eugenia patrocinados pelos estados conseguiram, surpreendentemente, um apoio alargado, não só dos racistas de extrema-direita e dos darwinistas sociais, como também de progressistas como os socialistas fabiano Beatrice e Sidney Webb e George Bernard Shaw, de comunistas como J. B. S. Haldane e J. D. Bernal e da feminista Margaret Sange, defensora do controlo da natalidade. Tanto nos Estados Unidos como noutros países ocidentais promulgaram leis eugénicas, permitindo ao estado a esterilização forçada de indivíduos considerados “imbecis”, enquanto se encorajavam as pessoas portadoras de características desejáveis a gerarem tantos filhos quanto pudessem.
 
Nos Estados Unidos, o movimento em defesa da eugenia terminou definitivamente com as revelações sobre as políticas eugénicas dos nazis que envolviam o extermínio de categorias inferiores de pessoas e de realização de experiências com indivíduos considerados geneticamente inferiores. Desde então, a Europa ficou como que vacinada contra qualquer veleidade revivalista das teorias eugénicas, tendo-se tornado num terreno pouco propício a muitas formas de investigação genética. Esta reacção não foi uniforme: na Escandinávia, democrática e progressista, a legislação sobre a eugenia manteve-se em vigor até à década de 1960.
 
FUKUYAMA, Francis, O Nosso Futuro Pós-Humano, 2002, 2ªedição. Lisboa: Quetzal Editores, pp. 137-138
 
 
 
 
A clonagem reprodutora abre caminho à nossa preocupação sobre a eugenia? Dá a tua opinião colocando-a na caixa de comentários.
 

 

André Rocha disse...

Na minha opinião a clonagem reprodutora abre caminho à nossa preocupação sobre a eugenia. 
Eugenia é o melhoramento genético da espécie humana através de selecção artificial, ou seja aquelas pessoas que tinham excelentes características genéticas, eram incentivadas a se reproduzirem de modo a obter um maior número de seres humanos com um óptimo património genético. Para mim não creio que isso seja correcto dado que iria haver descriminação das pessoas com “raça inferior”, á semelhança do que Hitler fez.
Quanto á clonagem reprodutiva não estou de acordo, primeiro porque acho que não é moralmente correcto fazer clones de pessoas só para depois serem usados para transplantes de órgãos e segundo porque não assegura variabilidade genética da espécie humana, o que é um problema porque se o ser que vai ser clonado não seja imune a uma determinada doença o seu clone também não vai ser. Estou de acordo com a clonagem terapêutica dado que não implica a criação de um ser humano mas sim de órgãos ou tecidos. 


André Rocha 12ºA - Nº4